Às vezes comemos algo muito calórico, seja um doce ou um lanche mais gorduroso, em maior quantidade e logo bate aquele sentimento de arrependimento e até mesmo de culpa. Mas como é possível saber se isso é um episódio de exagero alimentar ou compulsão alimentar?
Desenvolver sentimentos negativos relacionados à comida não é algo saudável e se essa é uma tendência frequente é importante ficar alerta.
Caso você mesmo não esteja passando isso, é capaz de ter alguém próximo, como uma amiga ou familiar, sofrendo com esse problema muito frequente.
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 4,7% da população brasileira tem transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP). Mulheres jovens com idade de 14 a 18 anos são as mais atingidas. Esse percentual é o dobro da média mundial que é de aproximadamente 2,6% da população.
Comer exageradamente em algumas ocasiões, como festas e finais de semana, e se repreender mentalmente pela atitude não é o problema.
O grande problema é quando isso se torna frequente e afeta tanto sua saúde física quanto a saúde mental, pois compulsão alimentar é uma doença.
Por conta do consumo excessivo de alimentos, a TCAP pode ser fator de risco para outras doenças como obesidade, hipertensão e diabetes.
Conheça a diferença entre exagero e compulsão alimentar
Quase todas as pessoas já passaram por uma situação de exagero alimentar e comeram um pouco a mais do que o habitual.
Isso é muito comum de acontecer em situações de comemorações, quando temos acesso a um alimento que gostamos muito e não comemos frequentemente ou em pratos que tenham um apelo afetivo, como aquela receita especial preparada por sua mãe.
Nesses episódios, é importante tentar identificar o que motivou esse consumo mais excessivo, se de fato foi apenas a disponibilidade do alimento ou o evento social, ou se teve alguma motivação intrínseca, mais relacionada à emoções, como cansaço, tédio ou tristeza.
A seguir, confira algumas dicas para prevenir episódios de exagero alimentar:
- Aprenda a ouvir seu corpo e diferenciar os sinais de fome e vontade de comer;
- Tenha atenção plena no momento das refeições, evite comer na frente da televisão ou usando o celular. Em situações sociais, procure conversar, interagir com outras pessoas e aproveitar o momento;
- Saiba escolher os melhores alimentos e coma sem culpa, tendo a liberdade de consumir o que desejar, sem restrições;
- Foque na sua saciedade e aprenda parar de comer no momento que se sentir saciado. Evite ficar beliscando, sirva-se e coma o que quiser de uma vez, pois assim consegue visualizar melhor o que e quanto está consumindo;
- Organize e planeje suas refeições, evite longos períodos em jejum e priorize o consumo de alimentos in natura;
- Encontre outras formas de lidar com situações desafiadoras e sentimentos negativos. A comida não pode ser a sua única forma de lidar com o stress ou a ansiedade: vale ler um livro, conversar com um amigo, escrever sobre o que sente, ouvir uma música ou fazer uma caminhada, por exemplo.
Já a compulsão alimentar tem como característica o consumo de uma grande quantidade de alimento em um curto período de tempo, mesmo sem estar com fome.
Também são sinais característicos da compulsão alimentar:
- Desconforto físico após a ingestão da comida, com sintomas como dor de estômago, vômito e diarreia;
- A pessoa não é seletiva sobre quais alimentos consumir, ingerindo qualquer alimento que encontrar, inclusive misturando doces e salgados;
- Frequentemente come sozinho e escondido, e com grande sensação de sofrimento;
- Depois do episódio, o indivíduo apresenta sentimento de culpa, arrependimento e fracasso, além de muita dificuldade de retomar a rotina.
Ao analisar os sinais clínicos da compulsão alimentar, o profissional da área de saúde também levará em consideração a frequência dos episódios. A compulsão alimentar costuma ocorrer em média, pelo menos 1 vez por semana durante no mínimo 3 meses.
As pessoas que sofrem com esse transtorno também normalmente manifestam uma sensação de falta de controle em relação à alimentação.
Como tratar e prevenir a compulsão alimentar?
Não existe uma causa principal para compulsão alimentar, pois se trata de um transtorno complexo e multifatorial, mas pode ser agravada com dietas altamente restritivas e o excesso de privações alimentares.
Questões emocionais e distúrbios relacionados com a autoimagem corporal também podem ser gatilhos para o surgimento de quadros de TCAP, bem como de outros transtornos alimentares.
Por se tratar de uma doença, o Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica precisa de acompanhamento de uma equipe multiprofissional composta por médico, psicólogo e nutricionista para ser devidamente tratado.
Além de um processo de reeducação alimentar e psicoterapia, o tratamento medicamentoso também pode ser considerado.
É comum que a compulsão alimentar se manifeste no final da adolescência, por isso, além de ficar atento aos sinais, é preciso reforçar a imagem corporal dos jovens de forma positiva, independente de tamanho ou forma, e ter cautela com uso das redes sociais, que muitas vezes reforça um padrão corporal difícil de ser conquistado e mantido de forma saudável.
Assim, evite comentários e críticas sobre seu corpo e de outras pessoas, e transmita mensagens de aceitação para colaborar com o fortalecimento da autoestima.
Incentive os bons hábitos alimentares familiares e enfatize a importância da alimentação saudável para a saúde e qualidade de vida.
Caso note qualquer sinal de compulsão alimentar, busque ajuda profissional.
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