Sinais de fome e saciedade podem estar prejudicados na obesidade

By 30 de setembro de 2022 Estilo de vida
Sinais de fome e saciedade na obesidade

Você já reparou como muitas vezes nos alimentos não apenas para atender a necessidade fisiológica do organismo, mas sim por outras motivações? Isso ocorre porque, muitas vezes, nossas decisões alimentares deixam de ser relacionadas com a fome e à saciedade para serem afetadas por fatores ambientais e hormonais.

Alguns aspectos externos a necessidades próprias do corpo humano podem envolver desde o apelo comercial da indústria alimentícia ou até mesmo o nosso estado emocional.

Quem nunca sentiu vontade, por exemplo, de comer uma pizza depois de assistir um comercial na TV ou comeu uma tigela de brigadeiro em um dia que as coisas não estavam tão bem?

Além disso, outras condições características da vida moderna como a facilidade de acesso a alimentos altamente calóricos e com baixo valor nutricional, e questões relacionadas à saúde mental, como a ansiedade e a depressão, podem alterar o comportamento alimentar de uma pessoa.

Por outro lado, as informações sobre nosso estado nutricional chegam ao córtex cerebral principalmente por meio dos hormônios e os próprios nutrientes presentes nos alimentos.

Durante a evolução da nossa espécie, o cérebro humano ficou condicionado a criar mecanismos que estimulam a fome e inibem o gasto energético, pois por milhares de anos não sabíamos quando seria a próxima refeição e precisávamos economizar energia.

Como consequência de todo esse contexto, temos o aumento significativo de pessoas vivendo com sobrepeso e obesidade em todo o planeta, ao ponto da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar, atualmente, essa condição de saúde como uma epidemia.

O acúmulo de gordura corporal, característico da obesidade, tem sido considerado um fator de risco para uma série de doenças, como hipertensão arterial, diabetes, apneia do sono, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e pode ainda estar associado ao surgimento de alguns tipos de câncer.

A ação dos hormônios na saciedade e a relação com a obesidade

Como aponta a Associação Brasileira para o Estuda da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), pessoas que sofrem de obesidade têm significativas alterações hormonais que afetam a regulação do apetite nestes indivíduos.

A insulina e a leptina, por exemplo, são hormônios que possibilitam regular o apetite e a energia que deve ser gasta por nosso organismo: a insulina e a leptina.

A atuação essencial da leptina, que é secretada pelo tecido adiposo branco, é agir no hipotálamo inibindo a fome. No entanto, estudos apontam que pessoas com obesidade possuem uma certa resistência à ação desse hormônio, podendo ter maior sensação de fome.

Já outros achados científicos referem-se à resistência à insulina, que gera aumento do apetite, e redução de hormônios que induzem a sensação de saciedade.

Contudo, além destes dois hormônios, existem outros que possuem o importante papel de comunicar a curto prazo ao nosso cérebro sobre a disponibilidade de nutrientes no organismo. Essas são as principais sinalizações da saciedade liberadas pelo sistema gastrointestinal durante a digestão alimentar.

Entre esses hormônios podemos citar a colecistocinina (CCK) que é liberada cerca de 30 minutos depois que iniciamos uma refeição e indica ao cérebro que é hora de parar de comer; já o peptídeo YY (PYY) é produzido no intestino e sinaliza ao córtex cerebral que ainda não é momento de se alimentar novamente, uma vez que está satisfeito.

Com ação contrária, sendo secretada pelo estômago poucos minutos antes de uma refeição, a grelina sinaliza que está na hora de comer.

Podemos citar também outros hormônios que atuam no cérebro para controle do comportamento alimentar, a exemplo de glicocorticóides, hormônio do crescimento, dentre outros.

Outros fatores de modulação do comportamento alimentar

Ademais todos esses hormônios envolvidos na regulação do nosso apetite e saciedade, os nutrientes presentes nos alimentos e obtidos por meio do processo de digestão, como a glicose, aminoácidos e os ácidos graxos também desempenham uma função de sinalizadores para o cérebro humano.

Essa indicação sobre os estoques de energia do organismo, podem também contribuir para modular nosso comportamento alimentar, uma vez que os neurônios são sensíveis à atuação destes nutrientes.

Não podemos também deixar de apontar o prazer proporcionado pelo alimento como um fator preponderante no momento da escolha sobre o que comer e o nosso comportamento alimentar.

Pontos específicos do cérebro, mais conhecidos como áreas de recompensa, são responsáveis por controlar o prazer em comer. Embora as áreas do cérebro que controlam as sensações de fome e saciedade sejam distintas destas áreas de recompensa, todas elas estão diretamente relacionadas e são interdependentes.

Nosso comportamento alimentar, construído desde a infância até a idade adulta, está associado ainda ao nosso estilo de vida, hábitos alimentares adquiridos ao longo da vida, nossa capacidade de lidar com níveis de estresse e ansiedade, e ainda pelo ambiente que estamos inseridos, como maior acesso a alimentos ultraprocessados, e a forte influência dos apelos midiáticos da indústria alimentícia.

Estratégias nutricionais para um padrão alimentar saudável

É fato que pessoas que vivem com obesidade podem ser mais afetadas pela atuação dos hormônios e de outros fatores que modulam o comportamento alimentar, portanto devemos exercitar o autoconhecimento e distinguir situações reais de fome para criar novas estratégias comportamentais.

Buscar identificar situações gatilhos associadas a momentos de maior ingestão de alimentos; tentar experimentar novos alimentos e sabores; praticar a atenção plena ou mindfulness durante o momento da refeição com uma mastigação lenta e correta; não fazer dietas muito restritivas sem acompanhamento;  priorizar alimentos coloridos e in natura, ricos em fibras e alimentos fontes de proteínas, que ajudam a manter a saciedade; além de inserir a atividade física na rotina de diária são algumas das estratégias nutricionais que podem ser adotadas em busca de um padrão alimentar mais saudável.

Neste sentido, contar com o acompanhamento é importante para garantir que cada refeição da dieta contenha todos os nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais, fibras, proteínas, gorduras boas e compostos antioxidantes que colaborem na implantação dessa nova estratégia comportamental.

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Carolina Favaron

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